Uma semana depois da festa democrática que materializou a vontade da maioria dos brasileiros nas urnas com a posse de Lula para seu terceiro mandato presidencial, Brasília está sendo palco de uma tragédia. Uma ação terrorista organizada por gente que quer impor sua vontade à força, querendo anular uma eleição legítima, reconhecida por todas as instâncias, e restaurar um governo cujas marcas são a violência, o negacionismo, a destruição ambiental, cultural e educacional de um povo. É vergonhoso que o Brasil tenha produzido essa forma de manifestação – algo que jamais se viu partindo de pessoas do povo, mesmo após terem sido desprezadas por seu suposto líder messiânico e pelas Forças Armadas às quais recorrem como tábua de salvação de uma causa perdida.
As deprimentes cenas de ocupação e de destruição dos edifícios públicos ligados aos Três Poderes, que zelam pela democracia e até pelo direito de se manifestar só podem ser entendidas pela ótica do embrutecimento de parte da sociedade. As razões para isso devem ser objeto de estudo de sociólogos, antropólogos e psicólogos. Mas a arruaça e o regozijo de quem está protagonizando a barbárie e compartilhando as imagens do caos em suas redes sociais levam a crer que o movimento conquistou adeptos entre quem despreza conceitos básicos da vida em sociedade. Que não têm empatia, que não sabe perder, que não respeita a decisão da maioria.