A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) emitiu um comunicado nesta segunda-feira, 22, desaconselhando o uso de ivermectina no tratamento e na prevenção de Covid-19.
Ela concluiu que os dados que estão à disposição não confirmam a necessidade de utilização desse fármaco criado na década de 70 contra o coronavírus – ele é indicado para tratar infestações de parasitas como piolho e sarna.
“Na União Europeia, os comprimidos de ivermectina são aprovados para o tratamento de algumas infestações de vermes parasitas, enquanto fórmulas preparadas com ivermectina são aprovadas para o tratamento de doenças de pele como a rosácea.
A ivermectina também está autorizada para uso veterinário em uma ampla gama de espécies animais para parasitas internos e externos.
Os medicamentos com ivermectina não estão autorizados para uso na covid-19 na União Europeia e a EMA não recebeu nenhum pedido para esse uso”, disse.
No Brasil, um grupo de médicos que defende o tratamento precoce contra a Covid-19, que implica o consumo de medicamentos mesmo como profilaxia e sem que a pessoa esteja sentindo qualquer sintoma, colocou a ivermectina como um dos remédios que deveria ser utilizados contra a Covid-19. Ele está no mesmo grupo de outros, sem eficácia comprovada, como a cloroquina, e ambos são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Após recentes relatórios de publicações sobre o uso de ivermectina, a EMA revisou as evidências publicadas mais recentes de estudos de laboratório, estudos observacionais, ensaios clínicos e meta-análises. Estudos de laboratório descobriram que a ivermectina pode bloquear a replicação do SARS-CoV-2 (o vírus que causa o COVID-19), mas em concentrações de ivermectina muito mais altas do que as alcançadas com as doses atualmente autorizadas”, disse a EMA. “Os resultados dos estudos clínicos foram variados, com alguns estudomostrando nenhum benefício e outros relatando um benefício potencial.
A maioria dos estudos revisados pela EMA era pequena e tinha limitações adicionais, incluindo diferentes regimes de dosagem e uso de medicamentos concomitantes.
A EMA concluiu, portanto, que a evidência atualmente disponível não é suficiente para apoiar o uso de ivermectina para covid-19 fora dos ensaios clínicos”, continuou.
A EMA reforça que o uso indiscriminado de ivermectina pode levar a efeitos colaterais indesejados e reitera que sua declaração de saúde pública é endossada também pela Força Tarefa contra a Covid-19 (COVID-ETF).
No Brasil, a utilização de ivermectina como profilaxia tem provocado problemas no fígado de muitos pacientes, alguns inclusive com a necessidade de transplante devido à alta dosagem de medicamente ineficaz contra a covid-19 que consumiu.